Rui Rio: “o desempenho de Eduardo Cabrita é muito fraco”, não teria “condições para estar no Governo”

10 de maio de 2021
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Rui Rio considera que se fosse Primeiro-Ministro, Eduardo Cabrita não teria “condições para estar no Governo”. “O ministro [da Administração Interna] Cabrita tem um desempenho muito fraco”, avalia Rui Rio.

“Eu não tenho de pedir demissões de ministros, porque isso é o Primeiro-Ministro que deve decidir. O máximo que posso dizer é que se eu estivesse no lugar de Primeiro-Ministro, se um ministro que se comporta desta maneira, estava ou não estava no Governo? E o ministro Eduardo Cabrita, se eu fosse Primeiro-Ministro, não tinha condições para estar no Governo, mas não é só exclusivamente por causa de Odemira, é por todo o seu desempenho”, referiu.

À margem do 1.º fórum do CEN do Porto, esta sexta-feira, Rui Rio lembrou que, “já em 2018”, o relatório anual de Segurança Interna alertava para a situação de Odemira. 

Além do Ministério da Administração Interna, o Presidente do PSD enumerou outros Ministérios que “tinham obrigação de estar a par e a tratar do caso”, apontando o dedo ao Ministério da Justiça, “porque a polícia anda a investigar”, bem como ao Ministério do Trabalho “por ter a obrigação de ir lá ver as condições, ou falta delas, em que as pessoas lá estavam a trabalhar”.

“A Polícia Judiciária, segundo as notícias que vieram a público, anda a investigar há mais de dois anos. Eu pergunto: se demora dois anos a investigar o que está à vista de todos, não sei para que serve a investigação a não ser para se dizer que se está a fazer”, acrescentou.

Quanto à requisição civil do complexo turístico ZMar, Rui Rio assegurou estar “convencido” de que o Governo vai “ultrapassar juridicamente” o facto do Tribunal ter aceitado a providência cautelar dos proprietários, mas que isso “não quer dizer que politicamente concorde” com a forma como o executivo de António Costa atuou.

“O Governo tem meios, nesta fase, para ultrapassar a providência cautelar. Depois o Tribunal voltará a decidir (…). Mas isso não quer dizer que politicamente eu concorde que um Governo não olhe para o que se passa em Odemira durante anos e anos e de repente mande tudo para lá, faça uma requisição civil, mande a GNR invadir propriedade privada. É tudo um desastre como é óbvio”, considerou.

Rui Rio quer que se exija às empresas que recrutaram os trabalhadores imigrantes que “ofereçam condições de trabalho decentes”, sublinhando que estas “têm de cumprir regras e respeitar os direitos humanos”.

“E depois a tal investigação tem de apanhar as redes de tráfego humano que ali existem. É absolutamente inadmissível em qualquer parte do mundo, particularmente num país europeu. Isto não é um país de quinto mundo, é um país europeu”, concluiu.
 

Rui Rio: “otimização dos recursos” é a solução para tornar a administração pública eficiente 
Para o Presidente do PSD, a Administração Pública tem vindo a degradar-se, defendendo que primeiro é preciso “eliminar desperdícios” e “otimizar os recursos”.

“Para mim, é preciso que os serviços do Estado funcionem direito. É preciso eliminar o desperdício. É preciso otimizar os recursos e depois no fim, se fizermos esse caminho, logo se vê se em cada serviço é preciso algum funcionário a mais ou até se existem funcionários a mais”, defendeu.

O líder do PSD recusa colocar a resposta das dificuldades da Administração Pública “no patamar” do número de funcionários. “O que falta na Administração Pública não é mais gente, nem menos gente, não é colocar neste patamar, falta é otimização dos recursos e racionalização dos meios. A Administração Pública tem dificuldades e nos últimos anos tem-se vindo a degradar”, salientou.

Rui Rio frisou que a questão “não está em mais ou menos funcionários públicos", após questionado sobre as afirmações do Primeiro-Ministro, que em entrevista à Lusa disse que a proposta portuguesa de Plano de Recuperação e Resiliência estabelece a contratação de mais funcionários públicos e prevê uma reforma das profissões reguladas. 

Durante a sessão de abertura do CEN, Rui Rio disse que o PSD está a fazer reformas para que o funcionamento do partido seja diferente, algo que se for alcançado, constitui “um grande serviço ao país e os outros partidos”.

Rui Rio acusa o PS de ser o partido do sistema e que não fazer reformas estruturais que fazem falta como a do sistema judicial e do sistema político.

“E o PS quer fazer tudo menos reformar”, explicou.

No primeiro fórum que o CEN faz à escala distrital, o líder do PSD disse ter “esperança” de que com “o aliviar da pandemia o CEN possa movimentar-se mais”.

Na reunião participaram também o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, o presidente do CEN, Joaquim Miranda Sarmento, e o candidato à Câmara Municipal do Porto, Vladimiro Feliz.
 

Cimeira Social: Rui Rio pede estratégia para integrar as pessoas no mercado de trabalho 
O Presidente do PSD sublinhou, a propósito da Cimeira Social que decorreu, no Porto, que a Europa e os estados-membros têm de ter uma estratégia para que “as pessoas não sejam escorraçadas para sempre do mercado de trabalho”.

O líder dos social-democratas defende que “aquilo que a Europa tem de fazer, e cada um dos estados-membros, no quadro do pilar social é ter uma estratégia para acompanhar as pessoas para que as pessoas não sejam escorraçadas para sempre do mercado de trabalho”.

Rui Rio analisou as circunstâncias atuais do mercado de trabalho e defendeu que “o fundamental” é que “as pessoas tenham apoio”. “Nós sabemos que por força da pandemia e por força da reconversão da economia e por força da digitalização, há muitas pessoas que têm de ser acompanhadas ou porque já ficaram no desemprego ou porque vão ficar no desemprego porque não se adaptam às novas dinâmicas da economia. E cada vez vai ser mais assim porque as mudanças são cada vez mais aceleradas. É fundamental que tenham apoio”, apontou.

Por fim, sobre as declarações da presidente da Comissão Europeia, que declarou que a vacinação contra a covid-19 está “encaminhada”, o Presidente do PSD afirmou que “é a melhorar que todos aprendem”. “A vacinação à escala europeia teve notórios problemas no princípio, entretanto foi normalizando e as coisas estão numa situação de cruzeiro. Temos de ter paciência e cada um dos países fazer o melhor que sabe o pode na vacinação. Penso que é sempre a melhorar porque vamos aprendendo todos”, sintetizou.