Rui Rio: Mário Centeno sai do Governo de forma “inglória”

9 de junho de 2020
PSD

Rui Rio considera que Mário Centeno abandona o Governo de forma “relativamente inglória” e que algo estava bastante mal” no relacionamento institucional entre o ministro das Finanças e o Primeiro-Ministro.

Numa visita a um pomar de cerejeiras na freguesia de Alcongosta e contacto com produtores locais do Fundão, esta terça-feira, o Presidente do PSD admitiu que este desfecho no Executivo era previsível. “Eu, que já ando na política há uns anos, percebi que não estava tudo bem. Não sei se as pessoas, se os portugueses de um modo geral, se deixaram enganar, achando que estava tudo bem. Era notório que não estava e a coisa acabou desta forma. E acaba desta forma relativamente inglória. (…) Só me falta a mim acertar no totoloto”, afirmou.

Para o Presidente do PSD, a exoneração do ministro das Finanças “demonstra que algo de bastante mal se passava, tendo-se perdido a relação de confiança “entre o ministro/Ministério das Finanças e o Primeiro-Ministro”.

Um dos momentos que evidenciou o ambiente de degradação entre o ministro e o chefe do Governo foi, segundo Rui Rio, a “despromoção” de Mário Centeno no XXII Governo, isto apesar de, na campanha eleitoral, o PS ter colocado o próprio no papel de “Cristiano Ronaldo das Finanças”. “Não sei porque é que o ex-ministro aceitou essa despromoção, menos sei porque é que o Primeiro-Ministro o despromoveu”, salientou.

Rui Rio recordou ainda o “episódio do Novo Banco”, com as indicações contraditórias entre Mário Centeno e António sobre a transferência de 850 milhões de euros do Fundo de Resolução para a instituição bancária.

Face a esta cadeia de acontecimentos, Rui Rio diz que o Governo deveria ter evitado qualquer “encenação”, mesmo que perante os holofotes todos assegurassem que estava tudo bem.

Sobre a possibilidade de Mário Centeno ir para governador do Banco de Portugal, o Presidente social-democrata conclui que é “desaconselhável” que alguém que saia do Governo vá diretamente para essa função no Banco de Portugal e defendeu a necessidade de cumprir um “período de nojo”, aliás como emana da aprovação de um diploma desta terça-feira no Parlamento.

Já quanto às expectativas relativamente ao futuro titular da pasta, Rui Rio espera que seja mantida “a mesma linha de arco rigor financeiro” que tem sido seguida e salientou que é “absolutamente vital” que os fundos que vão ser injetados na economia portuguesa sejam geridos “com parcimónia e com muito, muito rigor”.

Esta visita do Presidente do PSD ao Fundão insere-se numa deslocação para se inteirar dos problemas provocados na produção local de cerejas por uma trovoada no dia 31 de maio.