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David Justino, vice-Presidente do PSD, considera “preocupante” os dados do Instituto Nacional Ricardo Jorge sobre a redução de nascimentos em Portugal (nasceram cerca de 37.700 bebés no primeiro semestre de 2021, uma descida de mais de 4.400 relativamente ao período homólogo e que representa o valor mais baixo nos últimos 30 anos). De acordo com o vice-Presidente do PSD, é “muito provável” que, em 2021, o número de nados vivos em Portugal desça abaixo da “barreira dos 80 mil”, um valor que está “muito longe dos 100 e tal mil de há 10 ou 15 anos atrás”.
Em declarações à Lusa, David Justino frisa também que os dados preliminares dos Censos2021, que indicam que houve uma quebra de 2% na população, mostram que se está a “juntar os ingredientes todos” para Portugal “continuar a perder população nos próximos anos”.
Para David Justino, “não se consegue alterar o número de nascimentos se não se alterar as condições de vida, nomeadamente dos casais das famílias e das próprias mães”. Nesse sentido, o vice-Presidente do PSD afirma que “tem de haver medidas de incentivo à maternidade e de proteção da maternidade”, que permitam mitigar o que considera ser um problema da “economia, do emprego, do dispor de habitação e de contratos relativamente estáveis e confiáveis”.
David Justino sublinha também que é necessário um “forte investimento nas creches, começando no berçário e ir até praticamente aos seis anos, que é a idade com que se entra no primeiro ciclo”. “Esse é que é o ponto fulcral: as pessoas têm que ter confiança que podem exercer a sua atividade profissional, podem desenvolver suas carreiras, e estão descansados relativamente à guarda e ao desenvolvimento pessoal das crianças. E isso não acontece”, aponta David Justino, que coordenou um estudo elaborado pelo CEN intitulado “Uma política para a infância”.
Esta segunda-feira, através de um artigo de opinião no “Público” (“10,348 milhões: e agora?"), David Justino assume que a questão demográfica é “estratégica para o futuro de Portugal e precisa de medidas de médio e longo prazo”, apelando ao Presidente da República para que lidere este desígnio nacional. “Ou estancamos a hemorragia demográfica ou nos resignamos a chegar a meio do século XXI com menos dois a três milhões de habitantes em comparação com o que tínhamos no início”, alerta.
De acordo com resultados preliminares dos Censos 2021, Portugal tem 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011. Ao mesmo tempo, dados do Instituto Nacional Ricardo Jorge, com base no teste do pezinho, mostram que nasceram em Portugal cerca de 37.700 bebés no primeiro semestre deste ano, o valor mais baixo dos últimos 30 anos no mesmo período.