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Em entrevista ao programa “Polígrafo” da SIC Notícias, esta segunda-feira, Rui Rio defendeu que o Estado não deve colocar “nem mais um tostão” no Novo Banco enquanto não conferir “a conta corrente” que tem com esta instituição financeira. O Presidente do PSD concorda que seja realizada uma auditoria ao Novo Banco por uma instituição pública idónea, como o Tribunal de Contas (TdC), e manifestou estar disponível para aprovar uma comissão de inquérito no Parlamento.
Questionado se é contra uma nova injeção no Novo Banco no próximo Orçamento do Estado, Rui Rio respondeu perentoriamente: “em minha opinião, não podemos dar nem mais um tostão ao Novo Banco enquanto não aferirmos a conta corrente com o Novo Banco. Se o dinheiro era devido e o Novo Banco apresentar faturas de novas perdas, aí temos de pagar e atacar o contrato que o Governo assinou”.
Rui Rio reiterou que os vários processos de aquisição de imóveis abaixo do valor de mercado pelo Novo Banco deveriam ser investigados pelo Ministério Público e estranhou a rapidez com que a Procuradoria-Geral da República decidiu que não deveria emitir uma providência cautelar para impedir novas operações deste tipo.
Paralelamente, Rui Rio concorda com a realização de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas, “auditoria que inspire confiança” para analisar os mais recentes negócios e operações na instituição. “Somos nós portugueses que estamos a pagar. (…) O Novo Banco já recebeu mais de 7 mil milhões de euros dos contribuintes portugueses desde 2014. Toda esta história tem de ser investigada”, assinalou.
Sobre a proposta de criação de uma comissão de inquérito ao Novo Banco – que irá ser votada na próxima sexta-feira –, Rui Rio declarou ser a favor. “A questão do Novo Banco é tão grave que evidentemente temos de fazer uma comissão de inquérito”, adiantou.
Em relação ao próximo Orçamento do Estado, Rui Rio diz que, neste momento, a sua resposta é absolutamente irrelevante porque o primeiro-ministro deu essa resposta há duas ou três semanas, quando disse ao ‘Expresso’ que no dia em que para aprovar um Orçamento precisar do PSD o Governo acabou”, disse.
Quanto a eventuais acordos ou coligações com o Chega, Rui Rio recusa qualquer aproximação no atual quadro político. “Sem o Chega moderar a sua postura, o seu discurso, aquilo que defende, muitos projetos de lei de perfil muito populista que apresenta, não. Se moderar, logo se vê”, disse.
Sobre a polémica da participação do Primeiro-Ministro na Comissão de Honra do recandidato à presidência do Benfica Luís Filipe Vieira, Rui Rio invocou a sua convicção firme e o seu histórico na separação de águas entre o futebol e a política, desde os tempos em que contestou os dois “Totonegócios” (perdão de dívidas fiscais aos clubes de futebol). “Fui contido propositadamente (…). Eu tenho essa marca, não tenho de ser muito efusivo porque tenho a razão do meu lado há muitos anos”, apontou, considerando que, mais do que pelos processos judiciais ainda em curso, o apoio do Primeiro-Ministro ao candidato foi criticável por o dirigente desportivo ser um dos grandes devedores ao Novo Banco.
Rui Rio irá levar a discussão o apoio do PSD a Marcelo Rebelo de Sousa no Conselho Nacional e na Comissão Política de sexta-feira. “O Conselho Nacional e a Comissão Política é que decidem. Mas estando na Presidência da República alguém que é fundador e foi líder do PSD e quando olhamos aos outros candidatos que já se perfilaram, de muita rutura, eu penso que é aconselhável o PSD ponderar [o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa]. Isto não quer dizer que esteja de acordo com tudo o que fez. O Presidente da República não é do PSD, é Presidente de todos os portugueses”, explicou.