Rui Rio defende a “afinação” de medidas do estado de emergência

6 de janeiro de 2021
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Rui Rio diz que o PSD continuará a votar favoravelmente eventuais renovações do estado de emergência, mas defende o ajustamento de algumas medidas e a melhoria da resposta do Serviço Nacional de Saúde. “Eu acho que algumas medidas deveriam ser ajustadas. Nós temos votado a favor do estado de emergência, e continuaremos a votar por uma razão muito simples”, afirmou.

Numa sessão “online” sobre os desafios de 2021, organizada pela JSD, o Presidente do PSD explicou que “aquilo que taticamente dava mais jeito”, em termos partidários, seria uma abstenção ou o voto contra, mas defende que essa não é a “forma mais honesta de estar nisto”.

Rui Rio reconhece que o “país precisa da legislação do estado de emergência para o Governo poder tomar as medidas de combate à pandemia”, porque esse é “o primeiro objetivo do país neste momento”. “Uma coisa é estarmos ou não estarmos de acordo com as medidas todas do Governo, isso é uma coisa, outra coisa é nós não darmos ao Governo os instrumentos que um Governo, seja ele qual for, precisa para combater a pandemia, que é o nosso inimigo comum”, acrescentou.

Relativamente às medidas que devem ser afinadas, Rui Rio entende, por exemplo, que o recolhimento a partir das 13h00 aos fins de semana tem provocado “aglomerados brutais de pessoas” à porta dos estabelecimentos comerciais. “Essa afinação tem de ser feita, não para as pessoas ficarem menos saturadas, infelizmente não pode ser esse o objetivo, tomáramos nós, mas para não haver é tantas aglomerações, para conseguirmos aquilo que se pretende conseguir", ressalvou.

Outro aspeto que o Governo tem de melhorar “é a resposta do Serviço Nacional de Saúde”. O Presidente do PSD alerta que a “taxa de mortalidade em Portugal subiu brutalmente” em 2020. Para o Presidente do PSD, estes índices de mortalidade “derivam muito da fraca resposta do Serviço Nacional de Saúde”, não tendo sido realizadas nos hospitais públicos “milhões de consultas e milhares de cirurgias”.

Além do combate à pandemia, o Presidente do PSD aponta a retoma da economia como outro dos grandes desafios de Portugal para este ano, o que passa “em primeira linha pelas empresas”, além de reformas estruturais, da TAP e do Novo Banco.

No que toca à presidência portuguesa da União Europeia, Rui Rio defende que o caso do homicídio do cidadão ucraniano nas instalações do SEF e a polémica em torno da nomeação de José Guerra para procurador europeu “abalam a credibilidade de Portugal” e “fragilizam o Governo”.

O líder do PSD considera que a presidência portuguesa será também marcada pelo combate à pandemia e relançamento económico, que passa pelos fundos europeus, mas destacou igualmente a cimeira com a Índia e as relações com África, tendo considerado que esta é uma oportunidade para manifestar solidariedade para com Moçambique, que tem sido alvo de ataques terroristas.
 
Eleições autárquicas são “muito importantes para o PSD”
O Presidente do PSD elege as eleições autárquicas como o maior desafio deste ano para o partido, e estabeleceu como objetivo aumentar o número de eleitos. “O grande desafio partidário de 2021, e é mesmo um desafio muito, muito grande, são as autárquicas”, que “são muito importantes para o futuro do PSD e do regime em Portugal”, salientou.

Rui Rio assinala que “aquilo que determina a implantação de um partido na sociedade é fundamentalmente através das autárquicas”, pelo que o PSD “quer subir substancialmente” e contrariar as “quebras eleitorais” ocorridas em 2013 e 2017. O PSD pretende sobretudo “reforçar” “fundamentalmente em número de eleitos", especialmente vereadores. “O que está em causa em 2021 é nós tentarmos ganhar o Porto, Lisboa, Gaia, tudo, tentarmos ganhar com certeza, mas o mais importante é nós reforçarmos fortemente a nossa implantação”, acrescentou.

Instado pelo presidente da JSD, Alexandre Poço, a revelar o nome de alguns dos candidatos autárquicos, Rui Rio adiantou que Ricardo Rio será recandidato a mais um mandato enquanto presidente da Câmara Municipal de Braga.

Sobre as eleições presidenciais de 24 de janeiro, Rui Rio estima que não será “aparentemente um grande desafio”, uma vez que o atual Presidente da República, que é apoiado pelo PSD, “parece que vai ganhar e que ganha à primeira volta”.

Outro dos objetivos do PSD para 2021 passa pela descentralização do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, desiderato que tem sido dificultado pela pandemia. “O Conselho Estratégico tem outra vertente, que é aquela que constitui a novidade, importante até para o regime: é a implantação territorial do CEN. (….) É termos o CEN em todos os distritos a funcionar, aberto aos militantes e independentes, o que nos permite ter uma militância completamente diferente daquilo que ela hoje é, e chamar à participação política por via dos que as pessoas mais sabem e mais gostem”, observou.