Carlos Moedas quer devolver a cidade aos lisboetas, mobilizar “muita gente” e construir uma alternativa para a cidade, menos concentrada “no turismo e nas feiras internacionais”. “Lisboa tem de ser também para os lisboetas”, considerou. A decisão de concorrer à presidência da Câmara de Lisboa é “emocional” e “racional”, confessou, e aceitou este desafio “com alegria, humildade e grande sentido de responsabilidade”.
No átrio do Pavilhão Central do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, no final de tarde de quinta-feira, Carlos Moedas agradeceu a confiança do PSD, assim como do CDS, PPM, MPT e Aliança. “Este é o meu sonho, não tenho outro. (…) Tenho a ambição de vencer, as pessoas querem uma alternativa”, referiu.
Agradeceu o “apoio incondicional” de Rui Rio. “É uma pessoa que me deu todo o apoio e vamos continuar a trabalhar. Eu em Lisboa, com uma coligação alargada, mas eu sou membro do PSD e estarei sempre aqui para ajudar o meu partido e o líder do meu partido”, afirmou.
O ex-comissário europeu considera “uma decisão de vida”, “refletida e pensada, mas também, querida e desejada”. “Eu estou aqui para ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa, deixei a minha vida toda para me concentrar neste projeto, neste objetivo, e os que me conhecem sabem que, em todos os mandatos políticos em que me concentrei foi para levá-los até ao fim”, assinalou.
Carlos Moedas quer ser presidente da Câmara de Lisboa e, por isso, este combate é “para ganhar”, à volta do qual se vai “aglomerar muita gente”. O primeiro passo é congregar as forças “não socialistas, moderadas e progressistas” da cidade e “unir o centro-direita em Portugal”. “Quero que outros se juntem. Sobretudo independentes vindos da sociedade civil, desencantados ou desinteressados da política ou simplesmente cansados desta governação socialista”, disse.
Administrador da Gulbenkian, Carlos Moedas admitiu que seria mais fácil ficar no “conforto” da sua vida, sobretudo em “momentos tão incertos, instáveis e difíceis”. “Mas este momento não era o momento de dizer não. Era o momento de dizer sim. Sim à minha cidade”, destacou.
Sob o “slogan” “Novos Tempos”, Carlos Moedas revisitou a sua ligação à cidade. “Lisboa é, de certa forma, a minha terra. Aquela que me adotou quando tinha 18 anos, no mês de setembro de 1988, entrei aqui no Instituto Superior Técnico”, sublinhou, dizendo que nunca esquecerá o dia em que chegou à capital.
“Novos tempos” implica centrar-se na resolução dos problemas concretos das pessoas, na Ciência, na Inovação e na Tecnologia, assim como na Cultura “como base inspiradora da cidade”. “Os novos tempos vão exigir uma das maiores reconstruções que Lisboa já viveu – económica, social, cultural e ambiental, mas sobretudo humana. Uma das maiores reconstruções de que há memória. E para estes novos tempos para reconstruir Lisboa, os lisboetas podem contar comigo”, acrescentou.
Numa cidade “em que a pobreza e os sem-abrigo são cada vez mais uma realidade, em que o trânsito se tornou impossível” e “em que a sujidade das ruas salta aos olhos”, o “que está em jogo”, explicou, “é derrotar esta governação” da autarquia.
Carlos Moedas quer mudar a trajetória de declínio da cidade, com 14 anos de poder socialista. “Nos últimos anos, a cidade foi perdendo muito daquilo que tinha e de certa forma daquilo que é essencial numa capital europeia”, afirmou, considerando que Lisboa perdeu “a ligação com as pessoas”.
Natural de Beja, Carlos Moedas admitiu que essa viagem, primeiro de comboio até ao Barreiro e, depois, de barco para Lisboa, o marcou para sempre. “Não tinha dúvidas, aquela seria a minha cidade. Foi, passou a ser e é a minha cidade. Viajei pelo mundo, mas voltei sempre para Lisboa, por que nada, mas nada, se compara com Lisboa”, expressou.
Antes da sessão de apresentação, num vídeo projetado, Carlos Moedas falou ainda da necessidade de mudar Lisboa, que é hoje um “círculo de aparências e vaidades”. “Daqui até às eleições”, pretende “falar com as pessoas”. “Estou aqui para Lisboa. Estou aqui para os lisboetas, para com elas e com eles mudar Lisboa”, disse.