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O PSD considerou, esta quarta-feira, que Portugal viveu em janeiro “o momento mais sombrio da existência do Serviço Nacional de Saúde”, uma situação que se sabia que podia ocorrer e que “era necessário ter evitado”.
“Nós alertamos, desde março do ano passado que a falta de preparação teria um custo humano tremendo, que infelizmente se verificou com a brutal mortalidade no nosso país. Muitos têm sido os especialistas que têm dito que um dos nossos problemas - e é a nossa posição desde o início - é termos sempre andado a correr atrás do vírus ao invés de estarmos um passo à frente”, afirmou Ricardo Baptista Leite, numa audição da Ministra da Saúde no Parlamento.
O vice-presidente da bancada social-democrata confrontou a governante com “algumas ideias muito concretas sobre como Portugal poderá responder de forma mais eficaz a esta pandemia”, suscitadas por vários especialistas na reunião de terça-feira no Infarmed. Ricardo Baptista Leite referiu-se à definição de “linhas vermelhas para poder ativar imediatamente medidas de intervenção política”, mas também à mudança na política de testagem que, como o PSD tem defendido desde o início, deve ser “sistemática e repetida em contextos de risco”, ou à alteração da estratégia de rastreamento com um reforço de call-centers e à identificação do chamado ‘link’ epidemiológico entre os casos ativos.
Para o deputado do PSD, o Governo tem de garantir “os recursos necessários para evitarmos voltar a ter a situação que tivemos ao longo dos últimos meses, depois de levantarmos as medidas de confinamento”. O confinamento geral “é a pior medida e a única que se pode usar quando tudo o resto falhou”, acusou Ricardo Baptista Leite.
O médico e deputado social-democrata pediu também que a Ministra da Saúde esclarecesse porque é que, onze meses volvidos, centenas de médicos que se voluntariaram para ajudar no SNS continuam sem uma resposta por parte do Governo.
Sobre a vacinação, Ricardo Baptista Leite começou por dizer que o processo “não começou bem”, referindo-se à demissão do coordenador da ‘task force’ e das várias situações de fraudes identificadas. E pediu que o Governo clarifique em que consistirá “o apertar de regras” prometido pelo novo coordenador do plano. Outra preocupação expressa pelo PSD refere-se a eventuais dificuldades de contato das pessoas com mais de 80 anos para vacinação, tanto mais que “só no último mês, de dezembro para janeiro, mais 18 mil cidadãos ficaram sem médico de família atribuído”.
Ainda relativamente às vacinas, o PSD perguntou se a opção do Governo de não comprar 800 mil doses da Moderna, como contratualmente poderia ter feito, não afetou o calendário da vacinação, atrasando-o. E confrontou a ministra sobre os dados que colocam Portugal entre os dez países europeus que menos vacinas recebeu centralizadamente por mil habitantes, contrariando a ideia de que todos os países da UE recebem as vacinas ao mesmo tempo. “É importante que Portugal não fique para trás”, alertou Ricardo Baptista Leite.
Finalmente, sobre os doentes não-covid, o PSD pediu um ponto de situação sobre a prometida ‘task force’ para estes doentes. “Já existe? Quem é que faz parte? E quais os resultados que se desejam, uma vez que já passaram largos meses desde que o plano foi apresentado?”