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Rui Rio acusa o secretário-geral do PS de mentir sobre a posição do PSD em relação ao salário mínimo nacional. Nas Conversas Centrais, em Faro, esta terça-feira, Rui Rio foi perentório: “Mas há alguém, e agora vou englobar mesmo todos, da extrema-direita à extrema-esquerda, há alguém que ache que o salário mínimo é muito e que não deve subir, que chega para viver? Há alguém?”
O Presidente do PSD considera que António Costa “está a ver o terreno a fugir” na campanha para as eleições legislativas e voltou a sugerir-lhe que “pode terminar isto com alguma dignidade”. “O doutor António Costa tem o desplante de dizer que o PSD é contra o aumento do salário mínimo nacional. Então o PSD é a favor do quê? Da redução do salário mínimo nacional? Acha que é dinheiro a mais?”, interrogou.
Na sua intervenção, Rui Rio alegou que “com a governação do PS os salários em Portugal se degradaram relativamente àquilo que é a média comunitária, ou seja, os outros países da Europa avançaram no poder de compra através dos salários mais e melhor”.
O Presidente do PSD recorda que “a mediana dos salários em Portugal é de 900 euros”, explicando que isso significa que “metade dos portugueses ganham menos de 900 euros, e metade ganham mais de 900 euros”. “Só há um país com uma mediana pior do que nós: a Bulgária. Todos os outros têm uma mediana superior. Pode até a mediana não ser 900, ser 850, só que nesses países com 850 compra-se mais do que aqui com 900”, prosseguiu, concluindo: “Portanto, nós fomo-nos degradando através da governação do PS nestes seis anos”.
SNS: “garantir que os portugueses tenham acesso a cuidados de saúde a tempo e horas”
Em Faro, Rui Rio acusou o PS de ter degradado o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e propôs “redesenhar o sistema”, prometendo acesso aos serviços “a tempo e horas” para todos.
Rui Rio sublinha que em Portugal “a sociedade começou a degradar-se em muitos patamares, está mais enquistada, tudo funciona pior”, e que “se há setor da vida nacional que o PS degradou foi justamente o SNS”.
Em seguida, as propostas do PSD para este setor foram apresentadas pelo deputado Ricardo Baptista Leite, cabeça de lista às legislativas de domingo pelo círculo de Lisboa, que resumiu desta forma o objetivo deste partido: “Redesenhar o sistema de saúde, com o SNS como coração desse sistema, e olhar para o sistema como um todo”.
Ricardo Baptista Leite sustentou que atualmente o SNS “não está a funcionar” e deixa sem resposta quem não tem seguros ou ADSE para recorrer ao privado, acusando o PS de ter criado “um serviço de saúde para ricos e um serviço de saúde para pobres”.
“As pessoas que estão doentes ligam para o médico de família que não existe, ligam para o centro de saúde, não atende, ligam para o SNS24 que não funciona. Alguém que está doente, o que é que faz? Vai a um serviço de urgência que é a única porta aberta. Portanto, é um sinal daquilo que não está a funcionar”, disse.
Ricardo Baptista Leite defendeu que Portugal tem de assumir as suas limitações económicas e “utilizar com muita inteligência e com enorme capacidade de gestão todos os recursos que existem” no território nacional.
“Não há tabus ideológicos connosco. Nós temos uma prioridade, que é garantir que os portugueses tenham acesso de qualidade à saúde a tempo e horas e faremos isso com todos os recursos que existem no território nacional”, reforçou.
O deputado destacou a proposta que consta do programa do PSD de atribuir aos portugueses sem médico de família “um médico assistente”, com recurso ao setor privado e ao setor social, até 2025/2026, quando estimou que haverá “o número de médicos de família suficientes para garantir a cobertura a toda a população”.
Baptista Leite apontou igualmente como inaceitável que haja pessoas que não conseguem pagar todos os medicamentos de que necessitam. “É algo que é digno do terceiro mundo e que nós não podemos aceitar”, declarou.
Francisco Amaral, médico e presidente da Câmara de Castro Marim, falou dos problemas com que se confronta “diariamente” que levam a uma consequente “desumanidade” do Serviço Nacional de Saúde, situação que, por ser crónica, faz com que os doentes já pensem “que é o destino e que não há nada a fazer”.
Segundo o autarca, pesar dos esforços “desumanos” dos técnicos de saúde, que são em número “manifestamente insuficiente” para fazer face às necessidades –, ao contrário dos “propagandeados números de reforço” anunciados por António Costa –, não se conseguem resolver as longas listas de espera para consultas e cirurgias nos hospitais da região.
A construção do Hospital Central do Algarve, um projeto com 20 anos, foi outro dos temas em debate, com Rui Rio a dizer que, apesar das promessas do PS nesse sentido, até agora nada se fez.
O projeto do novo hospital remonta a 2002, tendo em 2003 sido aprovado o terreno para a sua construção, em 2007 aprovado o perfil assistencial e o dimensionamento. Em 2008, o então Primeiro-Ministro, José Sócrates, chegou mesmo a lançar a primeira pedra do hospital, que estaria pronto, segundo foi anunciado na altura, em 2013.