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Rui Rio acusou esta quarta-feira, no Parlamento, o Governo de iludir os portugueses, querendo “dar tudo ao mesmo tempo” e, sobretudo, de ter “o descaramento de dizer que não há austeridade”, quando milhares de cidadãos perderam rendimentos, outros milhares estão em “lay-off”, famílias inteiras perderam o emprego e milhares desesperam por consultas médicas e intervenções cirúrgicas adiadas por causa da pandemia. “Pode haver desemprego e falências; pode haver milhares de trabalhadores em lay-off com cortes de um terço no seu vencimento; pode haver empresas sem capacidade para pagar os seus salários; pode haver setores da economia estagnados; pode haver regiões socialmente devastadas; pode haver famílias inteiras no desemprego; pode haver portugueses sem acesso às consultas médicas e às intervenções cirúrgicas que necessitam; pode até a taxa de mortalidade por patologias não-Covid estar muito acima do normal, que para o Governo o importante é ter o descaramento de dizer que, com ele, não há austeridade”, referiu.
Na sessão de encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado, Rui Rio explicou que o voto do PSD só poderia ser contra, quando o Governo se limita a “distribuir tudo ao mesmo tempo – o que se tem e o que se não tem” – e ao “dar a falsa ilusão de uma facilidade que não é real e que, mais tarde, poderá ter de ser paga com desnecessário sofrimento”.
O Presidente do PSD insiste que o Orçamento que o PS construiu “não olha para o nosso futuro”, e “tal como nos orçamentos anteriores”, opta por “olhar para o presente e quem vier atrás que feche a porta”.
Neste quadro, Rui Rio sublinha que “em plena e gravíssima crise económica e sanitária, o Governo anunciou dar tudo ao mesmo tempo, com pouca lógica e fraco critério”, porque, para o Executivo, é “importante tentar convencer os portugueses de que não há austeridade”. No entanto, a crise provocada pela pandemia de covid-19 pode ter outras designações, mas o que se assiste é “um período de angústia, de incerteza e de sofrimento” para milhares de portugueses.
Na sua intervenção, Rui Rio voltou a acusar o Governo de “desorientação” na preparação para a segunda vaga da pandemia de covid-19. Rui Rio critica as “graves falhas na capacidade de resposta” do Serviço Nacional de Saúde. “Falta planeamento, mas falta, acima de tudo, consideração e respeito, designadamente por quem não tem outros meios para se tratar que não seja o serviço público de saúde”, assinalou.
Rui Rio critica em concreto a autorização incoerente da realização da festa do Avante! e do Grande Prémio de Fórmula 1, em paralelo com “medidas restritivas” impostas “à vida quotidiana dos portugueses”. “Acresce que, pela incerteza e pela angústia que geram, as falhas na resposta sanitária em nada ajudam à recuperação económica, marcada pela imperiosa necessidade de combater o desemprego e reforçar o nosso tecido empresarial”, acrescentou.
Para Rui Rio, “não será possível, neste momento, uma enorme redução dos impostos, do défice ou da dívida, nem uma política agressiva de apoio à exportação e ao investimento”, todavia é “absolutamente imprescindível mudar o rumo”.
Rui Rio disse ainda que “aquilo que aflige um social-democrata não é a existência de ricos, é a existência de pobres”, não havendo outro caminho senão o de “elevar os mais desfavorecidos ao patamar de uma classe média de nível europeu”, e o País enverede por um “novo caminho que, a médio prazo, consiga taxas de crescimento económico mais elevadas, que nos permitam ter melhores empregos e melhores salários para todos os portugueses”.