Carlos Peixoto, deputado do PSD eleito pela Guarda, contesta a suspensão ou mesmo o encerramento da atividade de nove postos da GNR no distrito. Para o deputado, “o estranho argumento” que Governo invocou “foi o da otimização dos recursos disponíveis em face do aumento da incidência de covid-19 em inúmeros concelhos, a que acrescentou o alegado benefício obtido pelas populações com aumento do número de militares disponíveis para o patrulhamento exterior”. Argumento que o parlamentar social-democrata recusa liminarmente, sabendo que é “do conhecimento geral que as forças de segurança neste distrito em particular, e no interior do país em geral, têm perdido efetivos ano após ano”.
“O Governo não investe nos territórios de baixa densidade e vai esvaziando lentamente o corpo de guardas que afeta a estas regiões, desincentivando quem neles resiste, afastando investimentos públicos e privados e aniquilando emprego e fixação de pessoas nestes desprezados e recônditos lugares. Daí que a retórica questão da otimização de recursos só se coloca porque o Governo renunciou e prescindiu desses recursos, capitulando perante as zonas urbanas e perante outras prioridades que não a segurança nas zonas menos populosas”, afirma.
Numa pergunta ao ministro da Administração Interna, esta terça-feira, Carlos Peixoto considera um “absurdo que seja precisamente na fase em que a situação epidemiológica está a melhorar a olhos vistos que se justifique o encerramento destes postos com base no agravamento da situação de covid-19”. “Este paradoxo, somado à explicação que foi dada de que a suspensão permite um melhor serviço de patrulhamento exterior, lança a dúvida legitima se, afinal, este ensaio, que se classifica benignamente como temporário, não será para ficar e se transformar em definitivo”, antevê o deputado.
O PSD pergunta:
1. Quantos postos da GNR suspenderam, modificaram ou cessaram a sua atividade de atendimento à população nas últimas semanas em todo o território nacional?
2. Do número global de postos nessa situação, quantos se situam nas áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto ou no litoral do país, e quantos se situam em regiões ou distritos do denominado interior do país (ou territórios de baixa densidade)?
3. A alteração no funcionamento dos postos do distrito da Guarda é mesmo temporária e provisória? Em caso afirmativo, até quando?
4. Se o Governo explica que a suspensão ocorrida melhora o patrulhamento exterior, com que argumentos vai justificar a reabertura desses postos ou a reposição dos seus horários de funcionamento?
5. Por que razão no primeiro confinamento de março de 2020, onde também foi necessário controlar fronteiras e conter o crescimento dos contágios por covid-19, esta suspensão ou encerramento não ocorreu?